Programa de Mestrado em Administração




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CULTURA, LIDERANÇA E RECRUTAMENTO NUMA ORGANIZAÇÃO RELIGIOSA - O CASO DA IGREJA UNIVERSAL DO REINO DEUS
LEONILDO SILVEIRA CAMPOS

Instituto metodista de Ensino Superior - Federação das Escolas Superiores do ABC

Programa de Mestrado em Administração

São Bernardo do Campo - SP (011) 457-3733
Trabalho apresentado na XXXI Asamblea Anual CLADEA

Reunião do Conselho Latino-Americano de Escolas de Administração

Santiago, Chile - Setembro, 1996
As organizações religiosas fazem parte de uma área evitada por muitos pesquisadores. Uns, porque as consideram fonte de questiúnculas domésticas e de informações irrelevantes para o conhecimento científico das organizações; outros, porque se sentem desencorajados diante das peculiaridades institucionais e do pudor clerical em expor publicamente seus bastidores. Trabalhamos aqui com dois pressupostos: Primeiro, uma análise desses fenômenos organizacionais pode contribuir para uma avaliação mais ampla das organizações “profanas”, também conhecidas como “lucrativas” ou “empresariais”. Segundo, neste final de século assistimos o surgimento de empreendimentos religiosos governados pelas leis e regras do mercado, que empregam o marketing e a otimização de resultados, possibilitando assim tanto a comparação como até a confusão entre religião e empresa, territórios até então supostamente muito bem delimitados.

A inspiração para uma pesquisa, da qual este texto é apenas uma parte, veio de várias direções. Entre outras, em primeiro lugar, de Max Weber (1991), que partindo de preocupações econômicas tropeçou nas organizações, éticas e valores religiosos, transformando a sua incursão nessa área em uma fonte valiosa para o estudo de todas as demais organizações. Segundo, de análises como as de Reed E.Nelson (1983,1985 e 1993) sobre seitas de origens norte-americanas que se tornaram organizações multinacionais. Nos desafiaram também Norman Shwachuck, Philip Kotler et alii (1993) com um estimulante estudo sobre o marketing religioso. Em último lutar, reforçaram a idéia de que estávamos no caminho certo, Robert B. Ekelund et alii (1996), que analisaram a Igreja Católica medieval como uma empresa econômica. Todos eles mostram que, a despeito das alegadas experiências de fé “irredutíveis” aos olhares da ciência, os atores das organizações religiosas decidem com os pés em terra, firmemente plantados no ambiente terreno, de onde retiram os argumentos racionais e fundamentam seus interesses.

Como não poderia deixar de ser, pesquisas desse tipo enfrentam dificuldades, porque os integrantes dessas organizações atribuem as suas motivações a um mundo transcendental. Por esse motivo, todos que tentam fazer da Igreja Universal do Reino de Deus um objeto de estudo encontram uma enorme má vontade por parte de seus pastores e bispos, negativas essas que têm sido interpretadas pela imprensa como um sinal evidente de que há algo escondido e escandaloso por trás dos bastidores. A IURD, por sua vez se retrai, e procura esconder dos olhares “profanos” aqueles “segredos” organizacionais, cuja preservação é tida como fundamental para a sobrevivência organizacional do empreendimento. É elucidativo o trecho de uma entrevista, que fizemos com uma autoridade iurdiana1:

“Aqui na Igreja Universal não há nada escondido. Não existe essa idéia de que há especialistas de marketing por detrás de tudo. Tudo isso é feito às claras, de uma forma simples e objetiva. Porém, existem as coisas que eu considero ‘mistérios’, que não podem ser reveladas a estranhos. Aliás, esse é um comportamento normal em qualquer organização. Elas reservam para si próprias, coisas relacionadas com o seu próprio interesse. Entre essas coisas não estão abertas para o público as questões relacionadas a administração dos bens da Igreja. Isso leva a imprensa secular a imaginar que grandes coisas estão escondidas. Isso é fantasia. Não há nada escondido.” (Pastor A. 20.7.95).

Ainda sobre a IURD, a mesma autoridade afirmou que “a Igreja Universal é um grande movimento, que não quer se tornar uma instituição e que vai lutar sempre para isso, pelo menos enquanto o bispo Macedo viver”. Para esse pastor, o sonho de Edir Macedo, dirigente máximo do empreendimento, é manter a Igreja na categoria de movimento, desestimulando dessa forma, o aparecimento de uma burocracia que venha gerar problemas. Porém, gostem ou não seus fundadores, todo movimento religioso, historicamente se defronta com o dilema: institucionalizar ou desaparecer..

Uma das formas de se interpretarem as intenções das pessoas envolvidas numa organização é a observação dos propósitos, explícitos ou não, que orientaram o projeto desde o seu início. Que propósitos provocaram a fundação dessa “corporação religiosa”, autodenominada “Igreja Universal do Reino de Deus”? Que filosofia perpassa sua cultura organizacional, gerada em nome do Espírito Santo? Que estilo e problemas administrativos brotam de um movimento religioso ao se transformar em uma gigantesca organização? Como se dá a multiplicação de objetivos, o estabelecimento de mecanismos de controle, o aparecimento de uma burocracia, e a separação entre os que “consomem” e os que “produzem” dentro desse espaço social? De que maneira são recrutados os recursos humanos destinados a manter e expandir o empreendimento desenhado pelos seus fundadores? Podemos aceitar, sem maiores discussões, a afirmação de Edir Macedo (Folha Universal, 9.7.95) que: “A direção da obra [IURD] vem do Espírito Santo, não do homem (...)” e que “o mundo é um campo de batalha”?

As respostas a tais perguntas passam por considerações que envolvem um exame das estruturas internas e dos procedimentos usuais dessa organização para a consecução dos objetivos assumidos. Adotamos o conceito de Parsons, desenvolvido por Etzioni (1974:9) que “as organizações são unidades sociais (...) intencionalmente construídas e reconstruídas, a fim de atingir objetivos específicos.” Nesse sentido, as várias instâncias, divisões do trabalho específico, formas de exercício do poder e de comunicação, maneiras de gerir os recursos humanos, são algumas das dimensões resultantes do esforço mobilizado para a consecução dos objetivos propostos e que, por isso mesmo, devem merecer a nossa atenção.

Por outro lado, como nos ensina a teoria sistêmica, não podemos subestimar as forças do ambiente que agem sobre as organizações, inclusive as religiosas. O campo religioso, no sentido dado por Bourdieu (1982:27), com suas organizações, instituições e agentes, principalmente com seus estilos de autoridade, não é uma ilha. Muito pelo contrário, o campo religioso é parte integrante de um cenário que, segundo E.Trist (1976), faz parte de uma “ecologia organizacional”. Daí o acerto da expressão de A. Etzioni (1974:17) que afirmou: “quase todas as organizações são menos autônomas do que parecem, à primeira vista.”
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